FOMO (Fear of Missing Out) – O medo de ficar de fora

Essa expressão traduzida significa medo de estar de fora, medo de estar perdendo algo e é sobre isso que vamos conversar hoje. O medo de estar de fora após a maternidade.

Os medos da maternidade

A maternidade é um misto de medos e ansiedades. Alguns medos, a gente consegue driblar de boa e outros nem tanto. Temos medo da gravidez, de como será o parto, se vai ser demorado ou não, ou se teremos cesárea ou um parto normal.

Depois que o nosso bebê nasce criamos novos medos como criação, alimentação, amamentação, creche, entre outros. Passamos pela fase dos saltos e picos dos desenvolvimentos, a dolorosa fase do nascimento dos dentes e muitas outras que vamos viver como mães ao longo da vida dos nossos filhos.

Alguns medos mexem mais conosco e hoje vou falar sobre o medo de ficar de fora por conta da maternidade.

Mudanças de vida

Quando engravidei eu fui a única do meu ciclo de amigos a ter filhos na época. Algumas amigas já tinham seus filhos com 2 anos ou mais velhos e outras não tinham filhos.

Eu saí do Rio de Janeiro e me mudei para o Espírito Santo, neste tempo refiz minhas amizades, agreguei aos amigos do meu marido, fiz alguns amigos de trabalho e também na igreja. Quase todos sem filhos.

Engravidei sozinha no meio do meu ciclo de amizade.

Como passei a gravidez

Nesse período de gravidez eu me via muita das vezes sem apoio para perguntar ou talvez achava isso, pois no meu ciclo de amigos ninguém tinha filhos. Não havia ninguém na mesma situação.

É claro que sempre me informei e pedi muita ajuda para minha família, amigas e também tinha meu grupo de mães no WhatsApp. Elas estavam passando pelo mesmo período gestacional do que eu, o que já era uma grande ajuda nos momentos difíceis.

As dicas desse grupo de apoio como remédios, dicas para melhorar enjoos e várias outras sempre foram muito uteis e maravilhosas, mas existe um medo que ninguém consegue suprir. O medo de ficar de fora.

Esse medo é aquele que acontece no trabalho, em casa, no grupo de amigos, na família e em todos os lugares que você frequenta.

E o medo de ficar de fora no trabalho

Quando a gente se torna mãe e o contexto que vivemos é outro. Muita das vezes não somos compreendidas, no trabalho, se você passar mal, são poucas pessoas que de fato entendem esse momento. Se no seu trabalho as pessoas não tiverem passado pelo mesmo que você, eles não entenderão. E não é porque não querem e sim por que não vivenciaram e não compreendem a real situação.

Além disso, no trabalho você tem o medo de perder o seu posto, apesar de toda a compreensão vinda da empresa, essa parte pessoal acontece dentro da gente.

Na época da minha gravidez, eu trabalhava na Prefeitura. Lembro que perdi dois grandes importantes eventos que foram um Viradão Cultural, pois estava com 8 meses de gravidez e o Carnaval no sambódromo realizado pela Prefeitura, quando estava de licença maternidade.

Eu era responsável pelas redes sociais e também fazia a cobertura de vídeos dos desfiles, neste eu já estava de licença maternidade. Nos dois eventos fui substituída por duas amigas, que foram dez comigo, mas no coração sempre fica aquele medinho que precisamos falar que existe. Medo de não dar certo, mesmo sabendo que não poderia dar conta. Não era medo de perder o emprego e sim porque sou controladora e gosto de fazer tudo e saber de tudo, mas nem sempre é possível.

Na vida pessoal com o marido

O medo de ficar de fora dentro de casa ele também existe. O medo do marido não gostar mais de você, o medo de achar que seu corpo mudou e que não agrada mais. É claro que no início da maternidade, o puerpério castiga a nossa mente e tudo fica muito mais intenso. A nova vida que depende de você junto com pontos da laceração ou da cesariana, junto com o seu cabelo que não consegue lavar e as olheiras que estão absurdas em seu rosto. Um misto de sensações e deveres.

As mães de primeira viagem tendem a sentir mais esse impacto por não entender muito bem o início o que são todas essas mudanças bruscas em nossa vida.

Me lembro que eu perguntava para Gabriel se ele ainda gostava de mim (rsrs), umas bobeiras e alucinações da nossa mente, também causadas pelo puerpério.

Neste caso é muito importante a compreensão do seu companheiro, pois a gente se estressa de forma rápida, além de chorar e se sentir feia com frequência.

No ciclo de amigos

Uma vida agitada de restaurantes, encontros caseiros, tarde de jogos, entre outros com os amigos, essa sempre foi a nossa rotina. Quando você engravida, tudo isso muda, quando o bebê nasce muda mais ainda, como já falei aqui.

Entender que a rotina mudou e que é normal você agora não ter tempo para tudo isso, é contudo, complicado, porém tudo se alinha e se ajusta, não podemos criar ansiedade nisso.

Meu ciclo atual de amigos, ninguém tem filhos, somos só eu e Gabriel. Quando engravidamos sempre falamos que o bebê não iria atrapalhar a nossa vida, não iríamos deixar de socializar ou que o bebê travasse a gente das nossas diversões.

O que a gente não sabia é que a vida realmente ia mudar e que as vezes a gente não tem mais tanta vontade de estar em determinados lugares. Eu e Gabriel ficamos um bom tempo presos, até porque a Joana nasceu praticamente na pandemia.

Agora com a pandemia praticamente controlada e a Joana um pouquinho maior, aprendemos que dá para ter filhos e sair com amigos sem filhos.

Nossos amigos amam a nossa filha e o jeito dela. É claro que nós como pais, temos a responsabilidade maior de correr atrás dela enquanto ela apronta todas no restaurante, mas o que eu quero falar nesse ponto é que não ficamos de fora. Não somos rejeitados por ter filhos.

Viva as experiências junto com o seu filho

Muitas mamães têm esse medo, o medo de ficar de fora do ciclo de amigos, ou pelos seus amigos estarem fora do mesmo contexto de vida que você.

Um casal de amigos que estão sempre com a gente, acabou de descobrir a gravidez e para a nossa alegria, vamos ter mais um bebê conosco. O meu desejo é que a gente possa ensinar esse novo casal de papais as nossas experiências para que os medos sejam amenizados.

E o intuito com esse texto é exatamente esse, mostrar que tudo passa, a vida se encaixa, você não vai ficar de fora.

Pode acontecer de no início você precisar de se privar de alguns costumes. Ao mesmo tempo você precisa entender que ter um filho muda tudo mesmo, são as fases da vida! Faz parte!

Os amigos verdadeiros vão entender o seu novo momento e vão apoiar tendo eles filhos ou não. Quando achar necessário fique em casa, quando não, não se prive! Vá se divertir, corre atrás do seu filho, guarde esses momentos e colecione eles. A vida passa voando e o nossos filhos vão crescer e sentiremos saudades dessa fase.

Você já teve esse medo? Se sentiu de fora de algum lugar? Conta pra gente!