Toxoplasmose: gatos e grávidas podem conviver juntos?

Você quer engravidar mas tem um gatinho e tem medo da toxoplasmose, também conhecida pejorativamente como a Doença do gato? Não se preocupe, neste texto você vai encontrar todas as informações sobre toxoplasmose!

O que é toxoplasmose?

O Ministério da Saúde define a toxoplasmose da seguinte maneira:

“A toxoplasmose é uma infecção causada por um protozoário chamado “Toxoplasma Gondii”, encontrado nas fezes de gatos e outros felinos, que pode se hospedar em humanos e outros animais. É causada pela ingestão de água ou alimentos contaminados e é uma das zoonoses (doenças transmitidas por animais) mais comuns em todo o mundo.”

E o doutor Drauzio Varella nos lembra que a doença normalmente é assintomática, ou seja, não apresenta sintomas, tanto que muitas vezes a pessoa nem sabe que está infectada. Mas em pessoas que estão com o sistema imunológico debilitado, os seguintes sintomas podem se manifestar:

  • Dor de cabeça e garganta;
  • Manchas pelo corpo: exantema máculo-papular (vermelhidão em forma de pequenas manchas e pápulas);
  • Confusão mental;
  • Convulsões;
  • Encefalite;
  • Aumento do fígado e do baço;
  • Moléstias pulmonares (pneumonite) e cardíacas (miocardite);
  • Linfonodos aumentados, ou seja, gânglios espalhados pelo corpo;
  • Dificuldade para enxergar que pode evoluir para cegueira;
  • Problemas de audição;
  • Lesões na retina (coriorretinite).

Segundo o doutor, os seguintes grupos de pessoas são mais suscetíveis à doença:

  • HIV/Aids – portadores da síndrome estão mais sujeitos à infecção pelo T.gondii e à reativação do parasita, que estava latente no organismo, porque o vírus da Aids ataca as células de defesa do organismo;
  • Tratamento quimioterápico;
  • Usuários de esteroidais com ação anti-inflamatória e drogas imunossupressoras para evitar rejeição nos transplantes de órgãos;
  • Gestantes.

Transmissão da doença

Segundo o Manual das doenças transmitidas por alimentos do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de São Paulo, a transmissão pode ocorrer das seguintes maneiras:

  • Através da ingestão de carne mal cozida contendo cistos de Toxoplasma;
  • Pela ingestão de oocistos provenientes de mão contaminada por fezes ou alimento e água;
  • Transmissão transplacentária (toxoplasmose congênita);
  • Inoculação acidental de traquizoítos;
  • pela ingestão de oocistos infectantes na água ou alimento contaminado com fezes de gato;

A World Animal Protection (Proteção Animal Mundial) enfatiza que “a probabilidade de se contrair toxoplasmose é maior comendo carne cozida do que tendo um gato em casa”, pois apenas 1% da população felina participada da disseminação da zoonose. Mas infelizmente, muitas pessoas e médicos têm preconceito com o felino, o que acaba ocasionando em abandono do animal, sendo que a chance de contaminação por gatos é baixíssima.

Toxoplasmose, gatos e a gravidez

Como foi dito anteriormente, além de preparar seu gatinho para a chegada do novo membro da família, há a necessidade de prevenção contra a toxoplasmose congênita, aquela em que o bebê é infectado pela placenta da mãe. A doutora Mariana Amora Cocuzza explica que as gestantes que correm esse risco são apenas aquelas que nunca tiveram contato com a doença antes. Isso acontece porque as mulher que já tiveram contato com o protozoário antes, já desenvolveram anticorpos para ele.

Como se prevenir?

Por via das dúvidas, é importante se prevenir. Como se prevenir à toxoplasmose? Medidas simples são suficientes para uma gravidez saudável. Confira aqui algumas dicas bem práticas da World Animal Protection:

  • Deixe outra pessoa limpar a caixa de areia. As mãos devem ser sempre lavadas em seguida;
  • A caixa de areia deve ser limpa ao menos uma vez por dia. Os oocistos da toxoplasmose precisam ficar fora do corpo do gato por dois dias para que se tornem infectantes, portanto, se a caixa de areia for limpa com frequência, o risco de contaminação se torna praticamente impossível;
  • Se outra pessoa não puder limpar a caixa de areia, faça-o diariamente e utilize luvas. Lave as mãos imediatamente depois;
  • Cozinhe bem qualquer alimento antes de comer, especialmente carnes. Os oocistos morrem a temperaturas acima de 65ºC (cozinhar por 4 a 5 minutos);
  • Lave bem os utensílios de cozinha que estiveram em contato com carne crua;
  • Mantenha os seus gatos dentro de casa para diminuir as chances de contaminação, eles contraem o parasita ao caçar e comer outros animais;
  • Não alimente o seu gato com carne crua, ofereça ração ou alimentos bem cozidos;
  • Use luvas ao mexer no jardim, pois a terra pode estar com contaminada com oocistos;
  • Lave as suas mãos depois de cozinhar, antes de comer e depois de acariciar o seu gato ou mexer no jardim.

Diagnóstico e tratamento da toxoplasmose

Segundo o doutor Drauzio Verella, o diagnóstico é feito com base na avaliação clínica e em resultados de exames laboratoriais. Os exames são necessários para se verificar a presença ou não dos anticorpos para o protozoários no sangue. E que é importante verificar se a pessoa tem algum tipo de enfermidade ou faz uso de medicamentos que podem comprometer o sistema imunológico, se ela tem o hábito de consumir carne crua ou mal passada e vegetais mal lavados e se entrou em contato com algum felino, doméstico ou silvestre.

Para a maior parte dos casos, não existe a necessidade de um tratamento, pois são assintomáticas e a presença de dos cistos do parasitas no corpo não indicam, necessariamente que a pessoa está doente. Mas o tratamento é importantíssimo para pacientes que apresentem sintomas, imunossuprimidos e gestantes. Portanto é necessário se apresentar a um médico, para que este prescreva o melhor tratamento e medicamento.

Curiosidade

Existem algumas curiosidades que rondam esta desinência. Como por exemplo, um estudo publicado na PLoS One, no qual os pesquisadores identificaram que o protozoário causador da toxoplasmose consegue manipular o comportamento de seu hospedeiro, induzindo o aumento da dopamina, e dessa forma provendo mais coragem a ele. Mas a relação não é causal (ou seja, que um ocorre em consequência da outra) e sim correlacional. Ainda é muito cedo para concluir coisas mais profundas e concretas, no entanto a relação entre estes dois fatores foi comprovada em laboratório.

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