Retinoblastoma: como identificar o câncer nos olhos das crianças

O último fim de semana foi marcado pelo vídeo publicado pelo apresentador Tiago Leifert e sua esposa, Daiana Garbin. No vídeo de 8 minutos eles contam como descobriram e fazem um importante alerta sobre o retinoblastoma que é um câncer nos olhos das crianças e que foi diagnosticado na filha deles, a pequena Lua de 1 ano e 3 meses.

Vamos conversar no post de hoje sobre como descobrir, identificar e qual é o tratamento feito para este tipo de câncer.

Retinoblastoma, o que é?

É um tumor maligno raro que afeta as células da retina, que é a parte dos olhos responsável pela visão, ele pode afetar um ou os dois olhos.

Esse tumor é muito comum em crianças menores de 1 ano e pode ocorrer até mesmo ao nascer.

Como é um tipo de câncer que acomete crianças muito pequenas, a identificação dos sintomas se torna mais difícil, pois diferente das crianças maiores e adultos, os bebês não conseguem expressar efetivamente o que estão sentindo ou o que está, neste caso, vendo!

Teste do olhinho

Esse teste é feito logo após o nascimento, na primeira semana de vida. Ele pode ser feito ainda na maternidade ou no consultório pediátrico nas primeiras consultas.

Ele também é conhecido como teste do reflexo vermelho e serve para avaliar as estruturas dos olhos, garantindo que foram desenvolvidas corretamente.

Este importante teste é indispensável, principalmente para as mamães que tiveram Zika Vírus durante a gravidez e também para crianças que nasceram com microcefalia, pois nestes dois casos pode haver alterações na visão do bebê.

O teste do olhinho avalia as estruturas do olho e pode sugerir problemas oculares como: catarata congênita, glaucoma, retinoblastoma, graus elevados de miopia, hipermetropia e, até mesmo, cegueira.

Como é feito o teste do olhinho

É realizado pelo pediatra através de um aparelho que projeta uma luz nos olhos do bebê.

A luz avermelhada demonstra que está tudo certo com a visão do bebê, já no caso da luz aparecer esbranquiçada, precisará ser feitos novos exames para a investigação de algum problema na visão do bebê.

Esse teste precisa ser repetido regularmente durante os primeiros 2 anos de vida do bebê, de acordo com orientação do pediatra, mas normalmente é feito aos 4, 6, 12 e 24 meses.

Como identificar o retinoblastoma

A melhor forma de identificar é fazendo o teste do olhinho, porém podemos suspeitar da doença através dos seguintes sinais:

  • Reflexo branco no centro do olho, especialmente nas fotos com flash;
  • Estrabismo em um ou ambos os olhos;
  • Alteração da cor do olho;
  • Vermelhidão constante no olho;
  • Dificuldade para enxergar, que faz com que o bebê tenha dificuldade para perceber e agarrar objetos próximos.

No vídeo do apresentador Tiago Leifert ele fala que identificou a dificuldade que sua filha tinha ao olhar e pegar objetos, ela olhava de uma forma lateral, de lado, como se algo atrapalhasse ela de ver de frente e logo após observar esse detalhe, a mãe Daiana percebeu que nas fotografias com flash existia um reflexo branco e a partir desses dois fatores eles procuraram um oftalmologista para a sua filha, que foi diagnosticado com rinoblastoma.

Esses sinais podem surgir até os 5 anos de idade, mas é possível perceber que há um problema ainda no primeiro ano do seu filho, principalmente quando afeta os dois olhos.

Outros exames a serem feitos

Após ser feito o teste do olhinho e identificado algo incomum nos olhos do seu bebê, você deverá procurar um oftalmologista infantil de preferência para que se faça outros exames e indentifique qual ou quais problemas pode ter nos olhos do seu filho.

Os exames que possivelmente serão pedidos para diagnóstico da doença são:

  • Exame de fundo de olho, que é feito pelo oftalmologista.
  • Utrassonografia do globo ocular
  • Tomografia e ressonância magnética das órbitas oculares.

Como é muito difícil realizar uma biópsia num tecido do fundo do olho sem danificá-lo, nos casos de retinoblastoma ela não é feita.

Quais as possíveis causas do retinoblastoma

A principal causa do retinoblastoma é a genética. A pessoa herda uma mutação no gene Rb1 que resulta no aparecimento do retinoblastoma. Crianças que tiveram retinoblastoma tem 50% de chance de passar a condição para seus descendentes. No entanto, este tipo de câncer pode aparecer como qualquer outro.

A retina é a parte dos olhos que cresce muito rápido na fase de desenvolvimento do bebê e para um pouco depois disso. O seu crescimento exagerado também pode acontecer e  através disso ser formado um retinoblastoma. Esse crescimento exagerado também pode ser por causas genéticas, como falamos.

Tratamento do rinoblastoma

Na maioria dos casos, o câncer nos olhos chamado de rinoblastoma é curável, 9 em cada 10 crianças são curadas.

O tratamento é feito e pensado de forma que o câncer seja retirado, preserve a visão da criança ou o máximo dela e também que seja tão eficaz para que não volte, principalmente nos casos hereditários.

O tratamento varia de acordo com o grau em que está o desenvolvimento do câncer e é feito através de  combinações de terapias oftalmológicas, como laserterapia e crioterapia ou através de uma quimioterapia para eliminar o tumor.

Como o diagnóstico na maioria das vezes é feito rápido e o tumor é pequeno ainda, o tratamento com a laserterapia se torna bastante eficaz.

Laserterapia

Os lasers são feixes de luz que altamente focados podem destruir tecidos do corpo. Os tratamentos usados com lasers em casos de rinoblastoma pequeno ainda são:

Fotocoagulação – Esse tratamento usa raios lasers na pupila, o laser é focado nos vasos sanguíneos que cercam o tumor, destruindo ele com o calor provocado.

O tratamento geralmente é realizado duas ou três vezes, com cerca de um mês de intervalo entre as sessões. Esse procedimento é realizado com a criança sob anestesia geral.

Termoterapia – O médico neste caso utiliza o laser para aplicar calor ao tumor. A temperatura não é tão alta como no Fotocoagulação, por isso alguns vasos da retina são poupados.

O tratamento é similar à laserterapia. É administrado enquanto a criança está sedada, geralmente em intervalos de tempo de menos de 10 minutos. Normalmente, são realizadas três sessões com intervalos de um mês.

Quando usado como parte da termoquimioterapia, o calor tem, normalmente, uma temperatura ligeiramente inferior, durante um longo período de tempo, começando dentro de algumas horas após a quimioterapia.

A termoterapia pode ser usada sozinha para tumores pequenos e para os tumores maiores, ela pode ser usada juntamente com a quimioterapia.

Quimioterapia

Quando os tumores são maiores  ou em áreas difíceis de tratar. Geralmente, o tratamento inclui uma combinação de quimioterapia e tratamentos focais.

A quimioterapia é administrada por cerca de seis meses para diminuir o tumor, tanto quanto possível. Se a doença está disseminada no olho, pode também ser administrada a quimioterapia intravítrea, que é aplicada diretamente no globo ocular.

Podem ser feitas combinações de  tratamento como quimioterapia e laserterapia para melhor eficácia do tratamento.

 

Cirurgia

Nos casos mais graves em que o tratamento não está sendo eficaz e que também já foi afetada a visão, o indicado é fazer cirurgia para retirada dos olhos, evitando assim que o tumor continue crescendo.

Após o tratamento, é necessário fazer consultas regulares no pediatra para garantir que o problema foi eliminado e não existem células cancerígenas que podem levar o câncer a voltar a surgir.

Observe sempre o seu filho

Nem sempre a doença é perceptível, no caso do apresentador e sua esposa, eles demoraram a perceber que havia algo diferente, afinal a bebê engatinhava a casa toda e já dava os seus primeiros passos.

Mesmo tendo todo cuidado e sendo muito observado pelos pais, esse tipo de doença ninguém imagina que irá acontecer na sua casa, mas ainda assim o alerta de especialistas e pediatras é que você leve o seu filho pelo menos uma vez ao ano ao oftalmologista, para que assim seja descartado qualquer possibilidade de retinoblastoma ou qualquer doença relacionada a visão e aos olhos do seu filho.

Esse alerta é fundamental e precisa ser repassado de mãe para mãe, de médico para paciente para que o  número de crianças curadas seja de 100% que é o que a gente sonha.

Você já conhecia esse tipo de câncer? Tem o costume de levar seu filho no oftalmologista? Conte para a gente nos comentários.