Quem me tornei depois da maternidade

Essa semana vou falar um pouco sobre mim, sobre a pessoa que eu era e quem eu sou agora após a maternidade, a forma como me encontrei e me desencontrei na maternidade, o que anulei e o que conquistei.

A maternidade é muito paradoxal no sentido de ser contraditória, a gente imagina coisas e executa algumas e outras a gente esquece, e na maioria das vezes a gente se frustra com tudo que a gente pensou, a gente tem a mania de achar que temos super poderes e às vezes até temos.

Maternidade Real

O que me despertou a falar sobre isso foi a cena da novela que vivi essa semana enquanto ia para meu trabalho, estava Joana quietinha na cadeirinha dela (o que é muito raro), eu sentada na frente do carro (o que é mais raro ainda), Gabriel dirigindo e o cachorro atrás com a Joana. Olhei para trás e pensei, uau que família linda e feliz que nós temos, só faltou aquelas músicas românticas de filme de fundo para ficar perfeito. No meio desse pensamento me veio à cabeça todas as dificuldades da vida materna e do dia a dia corrido e eu pensei: A maternidade real é muito diferente da maternidade das novelas e filmes, porém como o nome já diz ela é REAL. Esse real é um mar de alegrias, ansiedades, preocupações, cansaço e também de muito amor, força, dedicação e emoções maravilhosas.

Minhas noites

Uma noite mal dormida após um dia cansativo de trabalho em plena segunda-feira, muda toda a sua semana. No dia seguinte o trabalho não para, a vida não para, o bebê não para, a correria não para. Tem dias que eu deito na cama e sinto meu pé formigar e imagino um chá de camomila, uma massagem nos pés e uma noite inteira de sono até acordar sozinha! Enquanto imagino isso, a primeira acordada da noite acontece, eu brinco com Gabriel que ela sempre escolhe a hora que eu vou deitar para acordar.

Normalmente a Joana dorme entre 20h e 21h, tem dias que eu corro para terminar e ajustar as coisas do dia seguinte e em outros dias ela deita e eu deito correndo atrás. Quando dá umas 23h, ela acorda, mama e dorme. Nos dias que eu vou ajeitar as coisas e me organizar, eu deito e logo ela acorda, que desespero que dá! E assim ainda acontece durante toda a madrugada.

A vida não caminha, ela corre!

Antes da maternidade eu estava acostumada a viver na correria, no qual ainda vivo, porém eu dava conta de tudo, hoje eu me vejo travada tem horas porque a minha filha quer colo. Hoje eu programo meu dia e no fim dele nem sempre eu consigo fazer tudo que precisava e me programei.

No próximo fim de semana eu vou visitar minha família no Rio, como já contei pra vocês que sempre viajo para ver eles. Quando isso acontecia antes da Joana, eu preparava a mala me organizava e ia, mas agora eu tenho a República 21, tenho meu trabalho na Prefeitura, tenho a casa, e tendo o Boris e a Joana tudo fica mais complexo.

Antes eu arrumava minha mala em meia hora, um dia antes da viagem, agora eu me pego a semana toda lavando roupa e já separando o que vou levar, além disso eu tenho minhas encomendas para fazer, me programei para concluir tudo na última semana e hoje faltando dois dias para viajar eu estou com mais umas 3 encomendas para fazer, tudo em um corrida frenética para dar conta. E aí você pode me perguntar porque eu não consegui, e eu responderia porque agora tenho uma criança que me prende o tempo e tenho uma criança que fica com saudades da mãe. E dentro de mim tem uma mãe cansada e morrendo de saudades da filha, então me pego amamentando, brincando e ficando com minha filha e esquecendo todo o resto.

O meu bem mais precioso

É difícil dar conta, eu penso em desistir de todo o resto pela minha filha, mas todo o resto é o que me faz conseguir dar uma boa vida para ela, isso é o paradoxal que falei no início do texto, é uma briga diária entre o que preciso e o que quero fazer.

É triste e frustrante não dar conta ou dar conta na correria, e ao mesmo tempo é maravilhoso largar tudo para brincar com minha filha na sala, ver ela me dando o chinelo para calçar, ver ela correndo de alegria quando me vê, conversar com ela da forma enrolada que ela fala. Isso também é dar conta, isso também é meu dever, isso também é o que preciso fazer.

Ser mãe é se cobrar mais que todo mundo

Depois de ser mãe eu passei a me cobrar ainda mais certas coisas da vida e isso é tão difícil, pois mãe já uma pessoa julgada em tudo, se o seu filho não cortou a unha você percebe as pessoas reparando, ao mesmo tempo ninguém para pra entender que talvez você tenha tentado e não conseguiu.

Se o seu filho fez pirraça a culpa é sempre sua e algumas pessoas, até mães, esquecem como crianças fazem pirraça sem motivo e sem ser culpa da mãe. Se um dia você brigou com seu filho e se exaltou porque está cansada você sofre julgamento porque você fez isso. Tudo funciona como se depois que você virou mãe tivesse que ser perfeita em tudo e acertar em tudo e isso faz com que eu me cobre ainda mais.

Hoje que escrevo esse texto depois da minha filha ter ido ao pediatra com o pai, pois como trabalho não consegui ir por conta do horário do médico, então para que ela não ficasse sem atendimento ela foi com ele, fiquei com o coração completamente despedaçado.
Ok, foi só a primeira de muitas vezes que eu não vou conseguir participar tão ativamente, mas isso é a vida, essa é a maternidade real, contraditória, difícil e amorosa. Isso é amor e mãe faz coisas que o pai não faz e pai vai fazer coisas sem a mãe estar presente, é essa união que faz a gente entender que somos pais reais, de verdade, que estão sempre tentando.

Agora sou mãe!

A Natália sem ser a mãe resolveria seus problemas sem se importar com nada, a Natália mãe pensa dez vezes antes de agir. A Natália de antes se preocupava com cabelo, maquiagem e pensava na roupa que ia usar com uma semana de antecedência, a Natália mãe pensa na roupa da Joana porque a dela agora pode ser qualquer uma e a da Joana não. Natália de antigamente tinha que estar com cabelo impecável, a Natália mãe se contenta com seu cabelo natural que também a deixa linda e maravilhosa!

Isso não significa se anular, mas sim entender quais são as suas prioridades e no meu caso a minha prioridade virou a minha filha. Isso não significa que eu deixo de me arrumar, de pensar em mim, só não fico mais me dedicando todo meu tempo com isso. Aprendi a usar meu cabelo natural, a usar minhas unhas curtas e feitas da mesma forma.

Um exemplo bom de mudança na minha vida foi com a minha alimentação, eu e Gabriel fizemos uma dieta de 15 dias chamada Detox para reorganizar o nosso corpo e criar novos hábitos alimentares, pois os pais de antes comiam hambúrguer, pizza e bastante doce com frequência, mas hoje a nossa filha quer comer o que estamos comendo e é muito difícil você ver ela chorando e negar, por isso, decidimos modificar alguns hábitos para que tudo que a gente estiver comendo ela possa também comer. É claro que não vamos deixar de comer o que queremos ou gostamos, mas não será sempre e estamos felizes assim.

Aprendizados

Na maternidade aprendi a otimizar meu tempo e viver de forma mais natural, às vezes eu tropeço e embolo as coisas mas no geral eu tenho tentado, é bem difícil, precisa de muito esforço e dedicação, no mais, nós somos felizes e amamos a vida que levamos, somos uma família REAL com nossas tristezas, alegrias, sonhos e frustrações que desce o elevador cheios de sacolas e correm atrás da criança pelo prédio, e no fim, também somos uma família feliz de filme.

Gostou do post de hoje? Então corre lá em nosso Instagram e confira mais conteúdos incríveis sobre a maternidade real!